segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Olhando o pé de jasmim na janela do meu quarto aprendi um pouco mais sobre o que são as ideias. Elas devem ser firmes, como a base de um tronco construído com o passar do tempo e, suficientemente flexíveis nas pontas, de onde saem folhas sensíveis à brisa. Elas não crescem sem luz, sem água, sem a terra e sem o ar. Quando o primeiro raio bate na folha, ela o reflete. Outra parte é absorvida, em forma de calor.

Se fôssemos assim, suficientemente fincados em nós mesmos e maleáveis ao som do vento, talvez rendêssemos flores e quem sabe frutos. Mas o que são as flores e o que são os frutos? Um pouco do acaso. Uma folha diferente que brotou nesse dia, um beija-flor que resolveu mudar o itinerário.

Pensando mais um pouco vi que as plantas são bastante humildes. Elas nascem reproduzem e morrem até voltarem à terra. E é desse jeito que são imortais.

Se fôssemos assim em nossas amizades e estendêssemos nossos frutos sabendo que eles seriam deteriorados, o que restaria de nós? O passado? Não, as sementes.

Somente as sementes e, ao mesmo tempo, tudo comprimido milimetricamente.

É uma mágica, eu sei. A mágica de fazer algo simples e pequeno. Uma ferramenta tecnológica, que ninguém consegue criar sozinho.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Carta a Sofia

Sofia,

Todos nós temos a capacidade de expansão e contração. Certa vez um filósofo disse que era disso que havia se formado o mundo, assim como no Big-bang e como ocorre desde o princípio da vida humana, em que primeiro se contrai a matéria prima e depois a expande, modela. Essa seria a essência do processo criativo. Assim como na dança, nas estratégias de guerra e nos sentimentos, é preciso saber onde dar um passo à frente e outro para trás. É com essa regra, pois, que permanecemos firmes, em um mesmo lugar, sem significar, por isso, imutabilidade. É um equilíbrio dinâmico. Aquilo que acontece somente com o caminho da expansão tende a contrair-se em algum momento e aquilo que se contrai tende a se expandir, de modo que, na verdade, tudo faz parte de um todo, indivisível. Explicando de uma maneira bem simples, se expandimos nossos dedos, contraímos a parte anterior à palma da mão e, se os contraímos, expandimos essa mesma parte. Desse modo, se seguramos uma massa a apertamos com os dedos ela vazará entre as articulações, criando uma moldura múltipla e distinta. Isso se aplica à vida: na hora de condensarmos nossos pensamentos e ações devemos deixar espaços para que sujam possibilidades múltiplas e diferenciadas. Se os expandimos, devemos ter um ponto fixo, onde tudo se encontra, onde há um foco. Expansão e contração são conceitos dialéticos, que visam ao conhecimento de um todo, essencialmente em sua fisiologia e funcionalidade.