segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Efeitos alucinógenos do chocolate- parte 2


(Ou... Efeitos pós-chocoláticos)

Como um chocolate pode ser amargo e doce ao mesmo tempo?

Esqueci que, de uma hora pra outra, mais cedo ou mais tarde, aquilo que alcançamos vai embora. E aí, a consequência é esse efeito pós-chocolático, de que algo só pode ser completo se for eterno. Quando na verdade, tudo é eternamente incompleto, desde a infância...

A diferença é que, quando criança, nos maravilhamos com os brilhos, as cores e a formas, sentindo as texturas, nos entretendo nesse processo. Se gostamos da chuva, nos molhamos, se gostamos do sol, nos aquecemos sobre ele, tudo ao modo shakespeareano.
Depois, surge outro acaso à nossa frente e abrimos um sorriso!

Quando adultos, os brilhos, as cores e as formas são atrações decorativas que mal interagem conosco. A chuva é um imprevisto, o sol pode fazer mal à pele, as consequências dos nossos atos pesam mais. E aí, quando o inesperado acontece, nos lamentamos.
Mas, porque nomear isso de inesperado, se nada é eterno?



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Quanto tempo o tempo tem?


Comprei uma ampulheta que classificaria como "de três tempos" ou seja, 20 segundos, e não sei porque, mas o tempo pra mim agora parece mais precioso. Sei que o que está dentro dela é areia, areia pintada de roxo mas, vendo-a cair, tudo parece mais palpável.
Quando vemos as horas em um relógio digital, os números simplesmente mudam sem nos dar explicações e, assim, a sensação de que o tempo voou é maior. Já na ampulheta, que deitada na horizontal com seus três pilares parece o símbolo do infinito, cada elemento é imprescindível.
Os momentos são definidos por um mecanismo simples: o bater de um grão no outro, impulsionado pela força da gravidade. Assim, o tempo depende da força de atração, da rotação do planeta e da compreensão de seus processos.

Quanto aos três pilares... se fosse nomeá-los, diria que nada mais são que os pensamentos, as palavras e os gestos. Afinal, quanto tempo passamos falando o que poderia ser feito, pensando o que poderia ser dito e agindo sem pensar?



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Efeitos alucinógenos do chocolate- parte 1



"Não importa a sua cor, não importa se você tem quilos a mais, se você é alta demais, se você é baixa demais, se você tem manchas na pele, se você é albina, se você não tem voz, se você não tem pernas, se você não tem cabelo, não importa... Sou feliz do mesmo jeito ao seu lado, simplesmente porque você é você, insubstituível" Foi o que ele me disse.
"Vamos correr pela neve, correr pelos campos, lutar contra a água do mar, porque você merece. Te prometo elogios, todos sinceros, verbais e não verbais. Surpresas de rosas, flores de chocolate, cartões anônimos, a liberdade de se sentir segura e a segurança de se sentir livre. De confiar em você mesma. Ainda que eu não exista e seja um desejo da sua imaginação, fique comigo. Não posso viver sem você... sem você reconhecer o quanto é especial."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A luta




Entro correndo no salão escuro do palácio, o desafio me espera, estou livre, corajosa e atrasada. Mesmo assim eu posso ver, ele me aguarda, na última torre com uma notícia surpreendente. Subo as escadas. Enquanto subo, minha alma se torna mais leve, a prisão domiciliar parece mais pálida, o ar parece mais fosco e minha pele mais clara. A janela me diz a quantos metros estou. A paisagem não é nada dentro da moldura. Pego a espada que se junta ao véu branco da minha blusa e corro. Luto com toda a força.
Há um segredo dentro de mim, algo que me torna surpreentemente segura e precisa ser defendido com uma força épica, como uma mancha barroca e escura. Só quem tem um segredo pode compreender a luta.
Pulo para fora, meu "inimigo" está afrontado. Chego à beira de um rio, encravo minha espada na terra, lavo meu rosto e olho para os lados. O nada me levanta. Uma voz me diz para não seguir por aquela direção e não sigo.
Minha vida agora é uma batalha incessante, meus olhos se tornaram escuros, e mudam de cor com a direção do vento, se for o caso.
Como uma selvagem, corro ao encontro dos meus parentes, não sou mais eu, mas sou mais do que era antes, sou o impossível dentro de mim, alguém diferente.
Porque às vezes, é preciso mudar a identidade.
Pego desse jeito a vingança, a tragédia e a desesperança, para traçar uma outra jornada, me guio pelos pingos de sangue que caem das más costuras, e piso de gota em gota, caco em caco, de estilestes a agulhadas, sem me ferir.

Minutinhos de revolta =D



Oh no! Coisas que deveriam ser incluidas no currículo!

trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=vhm1DuyrIww
{Obs: ideia original inventada pela minha amiga Renée}

Se dizem que o currículo é como se fosse a sua identidade, eu Scutty e minha amiga Renée discordamos. Nossa verdadeira identidade é formada pelas nossas experiências, boas e ruins, pelo convívio social. Tudo bem, que experiência profissional é também experiência de convívio, às vezes até mais drástica e difícil que o normal.
Mas seria tão bom, se pudéssemos incluir no currículo quantos tocos levamos na vida, quantas amizades se perderam ao longo do caminho, quantos parentes nossos tiveram que nos dizer adeus, quantas vezes "sorrimos chorando lágrimas de tristeza e choramos de tanto rir" como disse Clarice.
Assim contratariam profissionais mais equilibrados, maduros, com mais força pra enfrentar as adversidades da vida!... Por outro lado, outros seriam ríspidos, amargurados...

E se dinheiro não traz a verdadeira felicidade, eles seriam simplesmente "indenizados"?
Dinheiro não traz ninguém de volta, nem mesmo o passado! =/
E há quem dê a "volta por cima" mesmo sem dinheiro! o.O
Pois é, perante algumas situações parece que esse "currículo da vida" não adianta de nada. Sempre desatualizado, sempre correndo o risco de encontrar experiências novas e intrigantes.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A fuga


Corri o mais rápido que pude até que os tiroteios começaram, era um verdadeiro campo de batalha. Não, mas não era o Rio de Janeiro. Fugia dos tiros não sei como, acho que meu inimigo tinha uma mira ruim, dificultada pelo nervosismo e pela distância; ou então, pura sorte. Foi quando chegou o fotógrafo: “Corre! Corre!”. E corri tanto que tropecei em mim mesma. “Não se levante! Fique aí!” e cada clique era um tiro, contra meu inimigo, não contra mim. Assim, enquanto me rastejava as fotos magicamente me salvavam. Eu não era modelo, nem me sentia como uma, também não me sentia como um personagem, era eu mesma na luta pela sobrevivência.

Que poder a câmera tinha ou quais imagens guardava nunca vou saber, mas o inimigo foi acertado em cheio por essa máquina de disparar flashs. Ótima estratégia, pra quem diz que os jornalistas não podem fazer nada.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fear of the dark





164º aniversário de Thomas Edison, um bom pretexto para falar da escuridão

Hoje, dia do 164º aniversário de Thomas Edison divulgado pelo google, é um ótimo pretexto pra abordar a importância da luz na vida dos seres humanos ou melhor, a repercussão da lâmpada elétrica na vida das pessoas, com destaque especial para aquelas que temem o escuro.

Não é preciso nem dizer que a luz em si já é um símbolo na nossa sociedade, carregado desde o iluminismo e a revolução industrial até os dias atuais. O interessante é perceber que o escuro por si não põe medo em ninguém, mas se vier, na sua direção, uma pessoa com roupas escuras, pele escura, óculos escuros e segurando algo no bolso, pode ser que a história mude.

O preconceito é sim um fator de medo, pois suspeitamos do desconhecido e é exatamente o que a ausência da luz nos remete. Não estou atribuindo essa questão psicológica os nossos problemas sociais, pois sabemos muito bem que isso seria um absurdo.

O que eu quero dizer é que quando estamos no escuro, desconhecemos as cores ‘originais’ e as formas dos objetos, perdemos um pouco a noção de profundidade e de espaço, isso nos torna mais indefesos e, por consequência, inseguros.

Quando criança, esses medos são ampliados pela dependência natural dos pais e pela formação cognitiva. Assim, crianças até os três anos tendem a ter mais medo do escuro devido ao possível abandono e à pouca noção de continuidade temporal: elas não entendem que objetos simplesmente não “somem”, nem que dormir não é o fim de tudo. Ao contrário, os maiores, e até mesmo os pré-adolescentes, temem por imaginar situações aterrorizantes, estimuladas pelos meios de comunicação e pelo convívio social.

Nesses casos, o recomendado é deixar o abajur ligado, até que a criança possa se sentir segura.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nômade errante


Sem lugar certo, não tenho objetivos.
Me chamam de"fugitivo", e a alcunha me fere, me deixa cambaleante,
díficil é dar de cara com esta verdade dura, pior do que diamante.
Só não pensem que é covardia, pois eu fujo para o lugar certo, onde o vento assobia, bem no meio de um deserto. A razão descobrirei quando chegar, enquanto isso, observo a paisagem, linda, que um dia já foi mar.

Diamantes são coisas preciosas e exigem um cuidado especial, por isso guardei todos na minha bolsa e não me desgrudei dela em nenhum momento. Sou sim, um nômade errante, que tem moedas da troca nas costas e pensamentos diversos, tantos que nem sei qual deles me traduz e com quais eu converso.

Logo anoitece e o clima muda, o frio aumenta e a solidão também, sem ninguém por perto. O sono aperta e um braço me segura. Estou mesmo no lugar certo?
Vejo distante uma fogueira, ou melhor, vários pontos luminosos. Uns tremem, outros apenas são coloridos, sugerindo formas diversas.
Acordo.

É, a vida prega peças, meus diamantes no fim de tudo viraram água e eu, com sede de futuro, bebi todos. Tempos depois, achei um oasis. Era o melhor que poderia ter me acontecido nos últimos tempos! Um oasis enorme só pra mim, um egoísmo da natureza! Mergulhei, bebi a água, enchi a garrafa, era tudo maravilhoso. Percebi que caminhei tanto pra encontrar isso no meio do deserto como se fosse uma agulha num palheiro!

Eu era uma pessoa de sorte, mas não com sorte o suficiente para achar comida, por isso segui outro nômade que me levou do oasis para um verdadeiro palácio. Lá me identifiquei como peregrino de Nãoseionde, um país distante, e fui recebido com todas as cortesias pelo Sheik Sailá Kaimi. Sailá me contou de toda sua trajetória e de suas ambições pelo governo, enquanto caminhávamos numa tarde tranquila. Disse também que eu poderia ficar, trabalhar com ele, ser seu empregado, e em troca teria à disposição mesa bem posta, cama arrumada além de... todas as suas dançarinas. "Trabalho não problema" repetia em nãoseiondês, tentando me convencer. Mas não aceitei.

Meu destino era outro, era voltar ao deserto e lidar com a verdade, agora melhor do que antes. Lidar com a água que, na garrafa, havia se transformado em diamante.

Feito a partir da postagem "Nômade errante" de Victor Hugo Medeiros de Vasconcelos, no blog
www.armariosdasideias.blogspot.com


sábado, 5 de fevereiro de 2011

O vendedor de lenços



Uma história bastante conhecida, que não pertence a mim.
Você vai chorar ou ser vendedor de lenços?

Ele sabia que lucrava com a tristeza alheia, tal como o vendedor de velas e infelizmente a profissão não era escolha sua, era sorte do destino. Sem ter o que vender e passando por momentos de depressão, ele precisava de dinheiro. A única coisa que tinha eram lenços, lenços de pano, bordados, não bordados, acetinados, presentes de amigos. Certo, que tipo de amigo dá lenços a alguém? Amigos costureiros. A intenção era fazer uma colcha de retalhos, mas o nosso chorão aqui guardou cada peça como se fosse única. Achava que só virariam retalhos no dia do seu enterro.
Foi quando a ideia lhe surgiu, venderia os lenços. Primeiro porque queria se livrar da simbologia deles, depois porque eram realmente bonitos. Com o dinheiro comprou pão e fósforo. Precisava comer e estar aquecido, nevava muito!
E se tivesse feito um casaco com os lenços? Que burrice! pensou. Devia ter feito.
Não, mas casaco de lenços não aqueceria ninguém. Sem contar que seria quase o mesmo que se encobrir das próprias lágrimas em meio ao frio. E ele não queria ser mais um forever alone! hauauaauhhau.
Certo, vendeu os lenços, e agora? vendeu todos! Tinha que vender mais, ainda precisava de dinheiro. E nesse período muitas pessoas estavam gripadas, poderiam até precisar de lenços de papel. Então comprou tudo a preço baixo e revendeu. Foi um sucesso! Tá bom, nem foi tanto assim, mas foi melhor que da primeira vez. Acho que porque ele já estava "pegando a fama". Sempre naquele mesmo local, mesmo horário e com a mesma roupa. Era fácil de distinguir. Quando não vendia nada ele chorava. Não finjia que chorava, chorava de verdade mesmo, porque chorar também adianta! Foi o que o vendedor concluiu nos três últimos dias, depois de ver uma moça na esquina, aos prantos. Algo que mudaria o seu destino.
Porque a senhora está assim?(perguntou) ---Senhorita. (ela respondeu)
Certo, não teria coragem de vender nada a essa pobre mulher, por mais que sobrevivesse da tristeza alheia nunca tinha visto um cliente sequer nessa situação. E se o visse, talvez fosse à falência.
--- Não, deixa pra lá, eu não quero incomodar, nem é da sua conta!
Logo em seguida a mulher não se conteve e caiu nos braços do vendedor.
--- Calma, calma, vai dar tudo certo... (falou mesmo sem saber do que se tratava)
--- Não, não vai dar certo não! Eu sou... eu era costureira de uma loja e fui demitida. Meu patrão disse que eu só sabia "enfeitar" e não fazia nada direito. Meu noivo me abandonou e, pra completar, mal tenho casa e família.
Sem saber direito o que falar, o vendedor a consolou: ---Calma, essas coisas acontecem, eu sou vendedor de lenços e aprendi que chorar até resolve, mas não por muito tempo. Logo depois você está querendo arranjar uma razão pra sua vida e daí lenços começam a parecer objetos exóticos e fúteis, um detalhe pra enfeitar o paletó.
Mas, se você quiser, pode trabalhar comigo. Não precisa ter um trabalho perfeito, mas atraente. O natal está chegando e enfim, podemos dar um jeito.
Então os dois trabalharam e, juntos, a médio prazo, construíram verdadeiros desejos de consumo, objetos de decoração para a ceia de natal. Tanto que ninguém mais comprava uma coisa dessas pra simplesmente pôr no bolso. Se protegiam do frio eram para o pescoço, se enxugavam algo era suor, resultado do esforço, mas na maioria dos casos eram...
Guardanapos! Os clientes estavam satisfeitos! E eles também. O que vendiam era, principalmente, consequência da alegria, da união de muitas famílias, como a que ele e sua agora esposa haviam acabado de formar.

Tudo é passageiro, até mesmo o motorista é passageiro de si mesmo.


Quando digo isso é porque, todos nós, por mais que estejamos no controle de uma situação, somos, igualmente, controlados por ela. Isso é vida de passageiro.
A imagem na janela muda, o clima se transforma e aí nos sentimos iguais, pura ilusão. Na verdade só nos sentimos diferentes mesmo depois de perder ou de ganhar algo, como se isso alterasse nossa concepção de tempo, de tempo perdido ou de tempo vivido. Mas os segundos passam da mesma forma.
Não sabemos quem vai entrar quando a porta se abrir, se essa pessoa vai ou não passar pela catraca, se vai acontecer algum emprevisto. Se ela vai ou não entrar na nossa vida.
O que fazemos pode até parecer uma dicotomia: ora esperamos, ora corremos atrás.
Sei que essa não é a única visão sobre o assunto e sim a mais simples. Ainda assim, insisto em comparar. Porque às vezes somos mesmo é assaltados, não importa se estamos de carro ou a pé e aí temos que arranjar soluções, criar alternativas, confiar um pouco mais nos outros.
Pois é... ninguém está no controle 100%, sempre tem o fator X no meio, o emprevisto. E o danado é que ainda queremos ser cobradores! Cobradores de nós mesmos e dos outros! (Não que ninguém possa ser cobrado). Mas, onde isso vai parar? Ou melhor, onde você vai ficar?

É quase a metáfora do vendedor de lenços.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Coisas de ônibus, pensamentos de ônibus, pensamentos no ônibus.


Primeiro o sinal quase se fecha e as pessoas saem correndo. Algumas correm tanto que parece o fim do mundo hehehe. Trânsito caótico.
Depois o ônibus freia alguns metros longe da parada e só por causa disso o motorista não quer abrir a porta.
Dentro do veículo várias cadeiras vazias, mas às vezes um estranho se senta ao lado de outro e quando o da janela sai ele nem muda de lugar.

Na maioria das situações era uma questão de dança.
Corre, estica a mão, entra. Vai pra frente, vai pra trás, passa pela catraca. Olha pra um lado, olha pra o outro, se senta. Levanta, pede a parada, sai e continua dançando.

Será que elas conversam? Quer dizer, não há espaço pra conversas em uma dança, o corpo já fala. Mesmo assim algumas conversam. Sobre o quê?
--- kkkkkkkkkkkkkkkk!
--- OOOoooooiii fulano! Há quanto tempo, o que você está fazendo da vida?
--- Não, não acredito! Tô chocada fulaninha!
--- Oi, com licença, você trabalha em tal lugar? É porque eu tenho uma dúvida...
--- Bom dia.
--- ParaÊEE motorista!
essas coisas.

Será que uma conversa de poucos segundos poderia marcar a vida de alguém? Será que alguém com quem você nunca falou pode ser significante na sua vida? Coisas de ônibus, pensamentos de ônibus, pensamentos no ônibus. Coisas lá que muita gente perde, objetos, detalhes, gestos. Pensamentos desse lugar não lugar ( o que a tecnologia não faz hein?) Tô aqui! No ônibus. E, pra completar, pensamentos deixados lá. Se são profundos eu não sei ehhehe. - "Aquele estudou comigo na sexta série!".

Tudo é passageiro. =P Até mesmo o motorista é passageiro de si mesmo.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Norman! Norman! Sim mamãe.


Essa história é sobre o início da vida de um psicopata, mas tem a trilha sonora de um mafioso porque, nesse caso, ninguém sabe o limite entre a influência da máfia e de seus problemas mentais. Na verdade, só viu o grupo desse "chefão" quem hoje está morto ( com minha exceção).
Assim como Norman Bates de Psicose, ele tinha seus amiguinhos imaginários mas, nesse caso, os amigos só apareciam na hora de cometer algum crime que comprometesse ou revelasse a hierarquia desse grupo. Em outras palavras, nada garantia a existência da própria organização, por mais que os acusados sempre aparecessem.
Só pra ilustrar essa mistureba de inspiração cinematográfica, vou contar um fato. Algo que eu, Scutty, realmente vi.
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Eram oito horas da manhã e ele chegava na faculdade, sempre muito estudioso, porque todos eles são assim, vocês sabem, primeiro o interesse repentino pelas artes, depois o conhecimento científico e por fim outras habilidades extras como esgrima, hipismo, golfe...
E ainda ousou dizer que não estudou exatamente pro vestibular!
Mas enfim, seus hábitos eram premeditados e sempre tinham causas convincentes. Não posso sair hoje porque tenho curso de inglês. Infelizmente viajarei. etc.
Isso me lembra a fala de um amigo, mais ou menos assim: " vou passear com o cachorro do meu primo, xau!". Não, ele não estava xingando o primo, ainda bem, mas iria passear com o cachorro dele às nove horas da noite! Não era um pouquinho tarde pra fazer isso não?
Tudo bem, sempre há razões desconhecidas por aí, mas as razões desse jovem psico-gângster eram demais. Ele se dizia um pouco irresponsável e mesmo assim concluía os trabalhos a tempo, da melhor forma possível. Não pegava livros na biblioteca e tirava dez. Também falava muito de um lugar chamado "shopping" aonde ia pra fazer as tais leituras....
O pior disso é que sua identidade não podia ser investigada, uma vez que não tinha cadastro na biblioteca e raramente participava de seminário, congressos dentre outros eventos que pedissem, no mínimo seu CPF.
É cruel. Muitos não desconfiariam, principalmente a polícia. Só comecei mesmo a ter certeza após uma observação atenta de todos os detalhes. Com quem andava, pra onde ia, o que fazia, essas coisas.
Minha maior prova foi quando fotografei seu diálogo com uma tal traficante da encruzilhada. Os dois trocando tic tacs ao ar livre, em plena luz do dia! Era demais pra mim. Acho que também é demais pra vocês, então, por hoje é só.